Em 1995 fui com meu marido para Isla Margarita , na Venezuela e de lá resolvemos conhecer um arquipélago próximo chamado Los Roques , que era santuário ecológico, isolado e quase despovoado.
O lugar era maravilhoso, aproveitamos muito as praias e foram lá os melhores mergulhos que já fiz , mas era pra passar somente o dia e voltar à tarde.
Acontece que o avião que nos tinha levado quebrou e a empresa turística Aero Tuy ( era esse o nome) providenciou quartos em uma pequena pousada muito simples para todos os integrantes da excursão.Nosso quarto era o último e mais isolado de todos.
Não havia luz elétrica, nem sequer sabão ,as construções eram muito rústicas e a única comida que os nativos tinham para nos oferecer eram peixes.
O pior foi que no dia seguinte acordamos com o ronco do motor de um avião, fomos correndo à pista de pouso , pois o único avião que havia lá era o nosso , aquele que quebrou.
Qual não foi nossa surpresa quando fomos informados de que o avião que partira era o nosso mesmo , que já estava funcionando e a guia simplesmente se esqueceu de nos chamar.Talvez porque estávamos no último quarto...
Eram 9h da manhã, não tínhamos dormido tanto assim.
Todos os demais integrantes da excursão tinham ido com ela, menos nós.
Estávamos com a roupa do corpo e não havia nenhum meio de comunicação.
Para piorar , nosso vôo de volta para o Brasil sairia naquela tarde.
Por sorte , os nativos eram extremamente hospitaleiros e generosos , repartiram conosco sua ( pouca) comida e nos informaram que estavam esperando um avião cargueiro que chegaria naquela manhã com víveres para eles.
Fizemos plantão na pista de pouso até que o avião pousou e em seguida fomos pedir ( implorar) para a tripulação nos dar uma carona para QUALQUER LUGAR DO MUNDO , pois alí estávamos completamente isolados da civilização.
Eles aceitaram nos levar até o aeroporto de Caracas , capital da Venezuela e nós embarcamos , no meio dos caixotes, redes e demais cargas que eles transportavam.
Chegamos ao aeroporto de Caracas de chinelos e roupas de praia , e ainda tínhamos que arrumar um jeito urgente de chegar a Margarita para pegar nossos pertences, fechar a conta do hotel e em tempo de embarcar de volta para São Paulo.
Fomos a várias repartições do aeroporto , inclusive à polícia , narramos toda a História mil vezes e conseguimos uma "carona" até Margarita em um vôo de linha.
Enquanto esperávamos o embarque eu providenciei alguns papéis , fiz um relatório detalhado de tudo o que havia acontecido conosco e apresentei à polícia como uma denúncia formal.
Ao chegar a Margarita , mal tivemos tempo de ir de táxi até o hotel , pegar nossas malas e voltar ao aeroporto, mas conseguimos embarcar no nosso vôo.
Isso era muito importante , pois tínhamos um bebê nos esperando na casa dos avós e também tínhamos que trabalhar no dia seguinte.
Quanto à denúncia , nunca obtivemos resposta alguma , apesar de ter deixado todos os telefones e endereços possíveis e de termos tentado posteriormente obter alguma informação sobre as providências que pensamos que eles tomariam.
De qualquer forma, como deu tudo certo no final, esse episódio entrou para a minha História como as férias mais pitorescas da minha vida.
Pelo menos até agora!